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CÁTIA PERDIGÃO
( BRASIL - MINAS GERAIS )
Filha, mãe e avó. Estado civil: viúva. Perdi meu amor recente, dia 17 de março do ano corrente, mesmo dia quem que floriu uma das poesias publicadas neste livro. Sei o que é ser mãe solteira e casada viúva de certa maneira, foram quase sete anos de luta, de uma prisão sobre a cama. A prisão do corpo, a prisão da mente, mas Deus o libertou do sofrimento e deixou saudade, um dos sentimentos mais nobres que alimenta a vida de um poeta.
Belo Horizontina, graduada em pedagogia, mas, trabalhando no Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais, onde é meu ganha pão. Ganho? Não, compro com muito suor e dedicação.
Moro na cidade de Santa Luzia, onde crio uma filha, e tenho outra já criada, inclusive já casada, que me concedeu o título de avó.
Na mesma cidade moram minhas quatro irmãs. São muitas mulheres numa família só, nascer homem aqui é raridade, mas pensa em mulheres forte e guerreiras que carregam a bandeira de trabalhadora, de garra, de força, herdada de minha mãe Estella, que se foi da Terra, mas permanece no coração.
O que mantém a pé e a fé. A fé em Deus e fé na vida.
Na vida que construímos ou destruímos, naquilo que plantamos (e colhemos) ou deixamos de plantar, do que guardamos ou compartilhamos, da forma que decidimos escolher. A minha forma de plantar e compartilhar foi escrever. Que meus anseios e minha fé declarados nessas poesias, possam, de alguma forma, fazer bem a você.
catiaperdigaocursos@yahoo.com
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CENA POÉTICA 10 - POESIA & PROSA. Adircilene Batista; e outros. Belo Horizonte, MG: RS Edições,
2024. 216 p. Exemplar da biblioteca de Salomão Sousa.
Desesperança e pranto
Mais um dia no P.A...
Até quando verei o desespero?
Os olhos arregalados do meu marido
Respiração ofegante, suor frio
Tento controlar meu anseio
Chamo a enfermeira, que até foi ligeira
Mede pressão, glicose, saturação,
Que aperto no coração!
Eu preciso ser forte
Quantas vezes verei a morte
Nos seus olhos, no meu medo
Mas a gente não se acostuma
Dói toda vez, hoje é mais uma.
Vou seguindo a maca
Até onde me impedem de entrar
“Não pode entrar aqui, vai demorar”
Não dá pra ser forte com fome
Não tenho controle no destino do homem.
Estou olhando a fumaça da churrasqueira
24,99 self-service com churrasco
A comida não tem gosto, foi um asco
Mas alimentada não desmaio
Fico em pé e conto com a fé
Para não pensar em besteira
Besteira não, morte e sofrimento
Sofrimento que ele aguenta e eu aguento
E já faz bastante tempo
Quantas vezes Senhor, eu vou ver
A morte e o desespero nos olhos de Seu filho?
Será que já o liberei? Na verdade eu nem sei
Tenho medo do seu destino.
Na primeira vez orei tanto
Eu pedi, eu roguei, eu implorei
Se era o melhor, já não sei
O sofrimento enfraqueceu sua fé
Mas é ela que me mantém de pé
Que me dá força apesar do pranto.
17/03/2024
Ansiedade
O futuro a Deus pertence! Tenta convencer um ansioso
Que vive um dia pensando em outro:
O que virá? Como será? E sente...
Sente a dor que talvez nem venha,
a circunstância que talvez não tenha
Uma constante preocupação, pelo que ainda não aconteceu
Este é um problema meu. Sempre aperta o coração.
Em pensar no que virá amanhã. Minha mente é minha vilã.
Se me incomoda, eu me encontro
Peço a Deus pra arrancar de dentro
O sofrimento do coração
Penso num salmo, então me acalmo
A Deus levanto uma canção e uma oração.
Aí eu penso: o que vem, meu Deus?
Aonde chegam os anseios meus?
E o Espírito que me faz lembrar que até as plantas Deus veste bem
Vestiu os lírios como ninguém! Por que então me preocupar?
Dá-me o alimento de cada dia, o cantar do pássaro, a melodia
O compartilhar do vinho e do pão
No desespero quero um abraço pra me aliviar do meu cansaço
Tirar o peso do meu coração.
28/02/2024
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Página publicada em dezembro de 2025
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